terça-feira, maio 25, 2010

Se me pudesses ver agora

Se me pudesses ver agora, ias perceber o mal que me fizeste sem sequer te teres apercebido disso. De certo, ias entender que todas as minhas palavras têm um sentido, que não dançam no vazio por acaso e que todos os meus gestos reflectem o medo de te perder, mesmo sem te ter tido algum dia. Se me pudesses ver agora, ias notar a minha vontade de te abraçar e guardar-te comigo. Tu fazes-me falta e hoje eu apercebi-me disso, talvez tarde demais. Se olhasses nos meus olhos ias ver reflectida uma vontade de te prender e não te deixar fugir de forma alguma, ias sentir as minhas mãos a agarrar nas tuas com força e a trazer-te até mim. Porque tu estás bem aqui, talvez não o saibas, eu própria não o sabia. Ou talvez te tenhas esquecido, talvez o tempo e a contra-corrente que eu causei te tenham feito esquecer. Se me pudesses ver agora ias convencer-te do quanto eu estou arrependida e do quanto eu desejava ser dona do tempo para nos levar para um dos inúmeros momentos em que te disse que não. Bastava um e eu mudava a história por completo. Se me pudesses ver agora, vias a surpresa de mim própria perante todo este sentimento, constatavas que no mais profundo que há de mim eu quis negar tudo e a todos este fervorzinho que tu causas ao passar. Porque é impossível, porque eu não quero e porque eu já disse ao destino que não. Sentias o pânico a escorrer-me em estado líquido pela alma e a impotência que faz sentir fraca e vã. Se eu te pudesse ver agora, se o verde dos meus olhos se cruzasse agora com o teu e emanasse um mar de esperança desse encontro, de certo que eu diria tudo o que a minha boca nunca quis deixar sair com medo de ter aquilo que hoje, talvez, se tenha perdido.

E tu, se me pudesses ver agora? Fazias alguma coisa ou permanecias nessa voz de homem calada por atitudes de criança?