segunda-feira, novembro 23, 2009

loucos

É loucura. Doidice, insanidade ou qualquer outra coisa que lhe queiras chamar. Não é correcto, disso eu tenho certeza. Quer dizer, eu não sou ninguém para definir o que é certo ou deixa de ser, mas que não é normal, não é. Gostava só de entender o porquê, a razão, aquilo que te faz agir desta forma incerta, cheia de altos e baixos, com uma linha ténue a demarcar a transição. Tu tens que ter um motivo. A menos que sejas verdadeiramente louco, o que eu não quero crer. Sinceramente, acho que a tua loucura é por opção, porque é comum na nossa idade não pensar e viver sem o pé no chão, porque é bonito cometer loucuras por isto e por aquilo, porque fica bem no historial e ninguém nesta idade leva a mal. Mas, então, diz-me só porquê isto e porquê eu? Porque é que prendeste e não soltas de uma vez? Porque é que vais dando folga à corda e depois puxas com força, uma força que me faz rodopiar e ficar frente a frente contigo, olhos nos olhos, perdida em vontades e medos que eu quero apagar, mas que tu fazes por reacender? Porque é que alimentas um ciclo vicioso que eu já conheço de outras paragens e do qual, sinceramente, não guardo saudade?

Não entendo, não compreendo, não percebo.

Só gostava de saber porque eu própria me sinto louca de quando em vez quando tu não vês o que se passa à nossa frente. Ou vês e finges-te cego. Porque cego e louco é mais frágil e tua fragilidade dá frutos. E flores. E tem raízes, as quais eu desejava menos profundas.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Se alguma vez tive algum tipo de dúvida, hoje tenho a certeza: eu não te percebo. De qualquer forma, acho que no dia em que isso acontecer vais perder todo o encanto. Pelo menos, o que resta.

quarta-feira, novembro 04, 2009

nostalgia

Assaltou-me uma súbita vontade de mergulhar nas recordações do meu passado e abrir a caixinha onde estão guardados os pedaços da minha história. Apeteceu-me pegar naquele diário azul cor de céu, há uma série de anos enfiado no fundo da gaveta e ler cada palavrinha, sentir de novo cada parágrafo, arrepiar-me a cada ponto de exclamação como se os tivesse a viver a todos, um por um, uma e outra vez. Fui abalroada por uma nostalgia enorme, uma querença de encontrar de novo tudo aquilo que ficou perdido no meio das letras e do pó, de ser outra vez aquela menina ansiosa por descobrir o mundo ao redor. Na realidade, essa miudinha não desapareceu, de todo. Aliás, se às vezes penso que ela cresceu e perdeu toda a ingenuidade e inocência que carregava consigo, outras tenho a certeza que essas nunca a vão largar, que vão andar sempre as três, de mão dada, como meninas de escola a brincar no recreio. E no meio desta roda estará sempre algo com o mesmo nome de fundo, ainda que noutro corpo ou noutra alma. Digo isto porque o tempo não pára e eu sinto que a cada passo que dou guardo comigo novos ensinamentos, muito embora vezes e vezes sem conta eu dê por mim a resvalar de novo nas mesmas frases, a tropeçar nas mesmas vírgulas e a terminar com os mesmos pontos finais. Talvez faça parte, talvez seja prova de uma vida autêntica encarar os sentimentos como amigos do peito e, especialmente o amor, como irmão de verdade, sem medo de qualquer acto à falsa fé. Talvez o que se tira como lição de amar seja mesmo o facto de não criar qualquer tipo de defesa e encarar o próximo gesto sem receio de escorregar de novo. Talvez tudo isto se possa julgar insensatez ou então seja mesmo uma certeza que aprendemos a amar com maturidade, da forma correcta, se é que a há. E assim, talvez o amor nunca se separe da inocência nem da ingenuidade. E como estamos as três de mãos dadas, tal e qual meninas da escola a brincar no recreio, talvez, mesmo que longe, do meu lado oposto, também ele não se separe de mim.