quinta-feira, janeiro 29, 2009

AR

Foi o sonho mais mágico de todos. O maior de todos os sonhos. E pensar que em tempos eu deixei de sonhar por medo, por angústia ou por orgulho talvez. Em tempos eu deixei de querer querer-te, acreditei que seria possível (sobre)viver sem sentir o calor da tua pele, o gosto do teu beijo, a tua respiração a corroer-me o pescoço. Acreditei que não precisava do teu abraço a envolver-me o corpo, a prender-me em ti como se o mundo deixasse de existir e ficássemos ali só nós, naquele mundinho inquebrável. Acreditei que não iria mais ouvir mais a tua voz, nem sentir o teu cheiro a invadir-me os pulmões. Julguei ser mesmo possível prosseguir neste caminho sem ti. Eu senti-te a quebrar de vez o meu mundo, vi-te a roer a corda e a saltar fora do barco. Vi-te a ser o maior cobarde, vi-me a odiar-te com todas as forças que são suportáveis por um coração amante e jurei ao mundo que o meu primeiro amor acabava ali, não havia mais nada a acrescentar à história. Iludi-me de tal forma que precisei de te sentir longe, cada vez mais afastado de mim e daquilo que eu realmente queria.
Mas houve um momento da vida em que eu percebi que podia não ser feliz contigo, mas também que negando aquilo que éramos não chegaria a lado nenhum. Olhei-me ao espelho e vi que aquela não era eu, eu nunca fui de me deixar consumir por obstáculos, de me perder no tempo à espera que o milagre chegasse. Eu olhei o meu reflexo e vi que não ria de vontade, nem vivia de vontade sequer. Então renasci das cinzas como Fénix, carreguei as baterias e fui à luta. Corri atrás daquilo que mais queria, chorei noites e dias por não me sentir na tua vida, por me sentir um passado posto para trás. Porque no fundo, nada me consegue fazer crer no fim da nossa história. Nem tu próprio conseguiste. Tu tentaste resistir, tentaste negar-me com medo de borrar a pintura de uma vida (im)perfeita, mas não foste capaz. Sabes que o meu toque te alucina, que o mistério de cada palavra te dá a volta à cabeça num segundo. Tu não consegues resistir ao beijo que te consome, nem ao olhar que te prende à minha imagem. É uma cumplicidade que não há tempo nem gente capaz de quebrar, é um sentimento frágil e inseguro por toda a pureza, mas tão fortalecido pelas pedras no caminho que nos ultrapassa a nós próprios e a tudo aquilo que é teoricamente correcto. É o sonho mais real e mais inexplicável, o único capaz de virar o mundo ao contrário e fazer-nos alcançar o céu.

Mais que um obrigado, um obrigado por existires!

Ela bem disse que eu hoje ia escrever. De facto, ela conhece-me na perfeição. Só errou o tema, afinal o que vou dizer agora é o que ela menos esperava. Sim, agora vou deixá-lo de lado, vou arrumar estas emoções todas por um momento e pô-la no cimo do meu pedestal, porque ela merece tudo.
Às vezes sinto-a em pequenas coisas, nos momentos mais parvos eu sinto que ela devia estar ali comigo. Sinto-a numa palhaçada, num riso sem graça nenhuma ou numa gargalhada sem base. Sinto falta de todos os códigos que o mundo via e não percebia, dos segredos não soletrados mas igualmente entendidos. Aliás, eu sinto falta de uma maior frequência em tudo isso. As vidas mudaram num ápice, mas há coisas que ficam e ficam cá para sempre. E não há nada, nem ninguém que destrua os grandes sentimentos. Não há distância que combata um ombro amigo, nem ausência momentânea que quebre os laços que se criam numa vida. Hoje, eu devo-te grande parte do que sinto. Hoje, eu agradeço-te por todos os alinhavos que deste nesta história que muitas vezes parece irremediável. Agradeço-te por acreditares naquilo que ninguém acredita, que ninguém imagina ou pensa sequer. E assim, na caixinha das confidências se guarda mais um segredo.

AMO-TE AF

domingo, janeiro 25, 2009

Desabafo: the truth

Fito o horizonte através da janela gelada pelo frio da noite. Está escuro lá fora e o meu olhar foge para o vazio como se de uma obrigação se tratasse. Abro a caixinha do tempo na minha mente, a caixa que nos conteve no interior durante anos e anos e agora, por teimosia ou orgulho, nos separa desta forma tão inútil. No meio está uma enorme vontade de saltar lá para dentro e fechá-la, fechá-la de uma vez por todas e fazer cumprir todas as promessas até então proferidas. No meio está uma série de factos teoricamente correctos que acabam sempre por se desfazer em palavras ternas e reveladoras de tudo o que o tempo não é capaz de desfazer. Estão lembranças e momentos que carregam consigo uma enorme saudade, que atropelam qualquer impossibilidade e fazem renascer a cada palavra uma réstia de esperança. Acima de tudo, está um passado que nada nem ninguém, por maiores que sejam as tentativas, vai apagar. Porque apesar de todos os contratempos, tu sabes a importância que me dás, o valor que tens e tudo aquilo que nós somos capazes. Sabes os segredos, as descobertas, os sonhos e as promessas. Mais que tudo isso, tu sabes-me de cor, tu conheces cada traço do meu corpo, cada pedacinho da minha alma. E sabes também o quanto isso te faz perder a cabeça.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Saudade, tanta saudade

Tenho razão de sentir saudade,
tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral,
a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave
do que o ato sem continuação, o ato em si,
o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste
o não previsto nas leis da amizade e da natureza
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.


Carlos Drummond de Andrade

sábado, janeiro 17, 2009

...

Não faz sentido largar-te agora
P’ra depois voltar atrás
Uma história com sentido
Eu sei do que és capaz

(...)

Uma força que nos faz unir e voltar atrás
Unir e voltar atrás
Uma fraqueza que nos faz tentar
Tudo mudar, tudo mudar e ficar

sábado, janeiro 03, 2009

'deixa eu djizer qui tch amo, deixa eu gostar dji você'

sexta-feira, janeiro 02, 2009

AR'09

Um novo ano, os mesmos sonhos. Felizmente ou não, o tempo não me leva a esperança, traz-me somente a força e vontades. Vontades maiores que qualquer pessoa, maiores que nós próprios e que tudo aquilo que é politicamente correcto. Vontades que ultrapassam a força do mundo e se quebram nas nossas vidas possibilitando tudo aquilo que se julgava impossível. Sabes bem o que fomos, sabes aquilo somos capazes e as vontades que nos perseguem. Eu preciso de uma lufada de AR fresco, preciso de nos respirar de novo. E tu, vais ignorar e cair na ilusão ou vais ficar comigo de uma vez?
Acorda puto, chegámos a 2009, sente só.