domingo, março 23, 2008

Lost

Pés colocados de novo neste chão de bruma molhada, desconfortável, possuidor do efeito sanguessuga. Cheguei de novo a este mundinho sufocante que me detém e me enrola vezes e vezes sem conta nas fortes lianas que vêm e voltam e dançam de trás para a frente, mas que não param, que eu não consigo fazer parar. Cheguei para ver o que não queria, para levar o estalo que não precisava, para sentir a realidade que eu desejava ser um pesadelo. Anseio a chegada do sonho e não paro, não posso, não consigo. Saí para renascer e reviver a vida que perdi há uns anos atrás, quando naquele quarto escuro me abriste as portas à luz. Saí para rebuscar a paz que me tiraste a cada dia que me fechaste as janelas e as portas e me deixaste presa aqui. E hoje aqui estou eu, perdida no meio das letras, dos números e das lembranças. Estou perdida no mundo real do qual eu fugi incansavelmente e que mesmo assim me reencontrou sem eu sequer o procurar, sem eu sequer pedir, sem eu sequer perceber. Estou a ser sugada nesta areia movediça do qual eu fujo mas que me engole assim mesmo, pedacinho por pedacinho e leva aos poucos cada bocado de mim. Hoje eu estou aqui a ver-te bem longe, a querer-te perto, a sentir-te irremediavelmente comigo. E assim, perco-me nas memórias, nos momentos felizes, nos sonhos. Busco em mim as energias recarregadas pela melhor semana e trago-as à tona. Hoje eu sou forte, eu sei que sou. E nem tu serás capaz de me tirar esse bem que inconscientemente me cedes, nem tu.

sexta-feira, março 14, 2008

Vez 30945

Foi num momento. Foi num simples instante da minha vida que mais uma vez tudo mudou. Eu paro, eu olho, eu sinto e choro. Eu vejo e revejo o livro da nossa história e tudo mudou, tudo é diferente, dia após dia. O meu amor, ai! Apenas ele e só ele permanece preso a mim, neste coraçãozinho roído e corroído pelo tempo, esmigalhado e mesmo assim tão inteiro, sempre pronto a puxar-te e querer-te na eternidade de um olhar, de um beijo, de um toque. Não bates, não empurras, mas magoas com o gesto e o acto. Tiras-me o sorriso da cara a cada atitude de criança, a cada indecisão, mas porquê meu amor, porquê? Porquê eu não sei. Talvez não sejas como eu te sonho todas as noites, como eu te imagino a cada dispersão minha do meu próprio ser. Talvez não sejas o mesmo que me quis daquela forma tão forte, talvez eu seja pouca mulher para ti ou tu pouco homem para as minhas ambições. Talvez eu não saiba decifrar a palavra ou te ame demais para o conseguir fazer. Talvez, talvez. Talvez eu não sei. Hoje sou um poço de incertezas, de dúvidas, de vontades e de mágoas. Apenas certa do quanto te amo, certa de uma esperança incessante e irrefutável, certa de que sou capaz de me levantar de novo. Hoje, eu estou certa de que me roubaste a mim mesma, mas acima de tudo, certa de que nunca me levarás a força com que sempre renasço.


...Renascendo...
Onde? Lloret :D