terça-feira, março 10, 2009

MÁGOA - 739

Há dias maiores, dias melhores, dias em que o nascer do sol reflecte o brilho do resto do dia e dias em que simplesmente nos fere a visão, trazendo ao de cima todos os maus gestos logo ao raiar da manhã. Há dias tristes, dias felizes, dias de Verão e de Inverno, de sol e de chuva, de riso e de lágrima. Há dias de tudo e nada, e há tudo e nada nos dias. Gostava apenas que me explicasses a tua noção de existência. Sim, porque pelos vistos divergimos um bom bocado nesse aspecto. Eu não tenho por hábito escurecer as manhãs de quem amo e tu faze-lo tão bem… Tu consegues ter em ti o Outono mais persistente, carregas na tua alma dias solarengos, noites quentes e estivais e, ao mesmo tempo, na mesma hora, uma trovoada de maus sentimentos ou até uma tempestade de inexistência dos mesmos. É isso que eu nunca consegui entender. É este tudo e nada que não se encaixa, é a falta de meias medidas, é tudo aquilo que me fascina mas que ao mesmo tempo me descontrola a mágoa e torna o meu dia cinzento, um cinzento carregado, um cinzento melindrado! E há pior dia que aquele em que tudo é nada? Eu julgo que não. Eu só queria que a consistência da fala trespassasse o mundo, que não fosse balela! Queria que a voz do anjo te penetrasse na mente e te fizesse entender a tua vida de plástico, te ensinasse que eu não sou certeza nem troféu, mas que simplesmente te amo com toda a simplicidade que isso carrega. Eu queria tanto, mas tanto, que o mundo que sonhámos vezes e vezes em conjunto não se perdesse no tempo, se achasse em nós e que ficasse lá para todo o sempre. Mas isso só depende de ti, eu já te lancei milhares de vezes a corda, tu sobes e desces com uma facilidade que eu não controlo, que o tempo não concerta e que nem tu próprio consegues dominar. Contudo, cuidado, a nossa história é grandiosa, mas até os príncipes encantados caem do cavalo!