Entras, sais, passas, repassas e voltas de novo. És amor, paixão sufocante na noite invernal, és amigo e parente da Primavera cheia de cor. És a flor que fica incrivelmente sem murchar, o sol da meia-noite que permanece em mim e só em mim. És a onda que vem e volta e volta na volta vem. E não paras. Descansas de quando em vez nesse teu mundinho insensato, trocas o alvo e cansas-te de novo. Cansas-te a ti e a mim, mas voltas na tua eterna necessidade de trazer e buscar o mesmo de sempre. É rotineiro, extremamente previsível, mas igualmente forte. Fazes de mim um ser incapaz de negar o pedido. Porque Eu Quero. Porque me fazes inacreditavelmente querer. És supremo, uma tempestade que me assolou um dia e que não sabe cessar. És alinhavo por dar na minha história, linha que se cose e descose e mais uma vez se remenda na esperança de um amanhã feliz. És compasso da música inacabada e sem nota seguinte, uma melodia provavelmente ensurdecedora para qualquer ouvido racional, não para o meu, que cede e te dá segurança. Segurança que agarras, machucas, dobras e esmagas e deixas intacta, no mesmo sítio, para lá voltares amanhã. És produto de uma chama em mim, suor numa pele que te apela e te implora a verdade. Pele que tocas, que beijas, que sentes e que te absorve. Um corpo que se funde no teu num momento carregado de certezas, sorrisos e juras eternas. És o passado presente que não me larga, que me quer e me baralha e me deixa cair. És irritantemente o amigo do bem e do mal. O amigo que me dá o doce e mo tira uma e outra vez, sem pena, como se não doesse. O que ouve o choro e o grito desesperado e o despreza por julgar qualquer um igual a si. És o amigo que não o sabe ser, uma mistura de boas e más intenções sob o disfarce do teoricamente correcto, destruído facilmente por um cheiro que te encante ou por um respirar pertinho de ti. O amigo de boca, máscara de um amor de corpo e alma que sabe que pode mas não quer. Que talvez quer e não pode assim. Confusão de motivos emotivos e de lógicas sem lógica caladas por um beijo. Um pacto selado de eternidade destinada e tão dificilmente conquistável.
(Ao menos, dá-me p'ra isto :'D)