segunda-feira, julho 30, 2007

A fuga

Existem momentos na vida em que sentimos que uma escapadela à realidade é o ideal. Não é solução, mas deixa-nos livres por momentos. Estou cansada desta menina que sou, estou cansada desta vidinha aqui. Fartei-me destas pessoas, deste sítio, destas conversas. Cansei das horas, dos minutos e dos segundos. Quero livrar-me das marcações, dos compromissos. Vou ter saudades, eu sei. Mas acho que já me habituei a viver com elas. Sinto que tudo isto me ensinou a saber esperar. E sinto que agora também tenho que fazer esperar. Sei que o cheiro da maresia e o ar quente da noite algarvia me vão ressuscitar. Voltarei nova e pronta para seguir em frente. Afinal, essa foi a decisão.
:)

Luz ou Sombra?

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Levanto-me de manhã e olho o espelho ao lado da cama. Observo a imagem da pessoa que nele se reflecte. Por vezes sorridente, outras melancólica. Não pertenço ao grupo de mal-humorados matinais, mas não me posso achar no paraíso. Até porque muitas vezes não tenho razões para isso. Seguidamente abro a janela e observo o dia. Onde está o sol? Não está. Chamo por ele e nem assim ele vem. Procuro-o em todos os recantos do céu mas não o encontro. Sim, o meu sol tem um nome próprio. Tem o nome de alguém que age desta forma louca, mas que não me deixa largar as amarras que a si me prende. Sim, és tu. Tu entraste na minha vida e por mais que eu tente arrancar-te de mim, eu sei que estás no céu todos os dias. Mas nem sempre te vejo, nem sinto, nem toco, nem beijo. Por ti eu procuro, mas só acho quando queres. Quando me desejas, aí surges. Tu entras de manhã e no fim do dia já foste, já partiste e eu adormeço na esperança que voltes no dia seguinte. Mas tal como o sol tu nem sempre voltas. Por vezes não tens força para romper por entre as nuvens e chegares até mim. Tal como o sol, os teus raios queimam a minha pele e aquecem me a vida. Eles conseguem dar-me a energia suficiente para seguir em frente, mas por vezes conseguem também a lágrima que cai quando a vista é fragilizada.
Na minha vida, tu és como o sol. Dás-me a brilhante luz do teu ser, e com ela, mandas sempre a sombra da tua ausência.

segunda-feira, julho 23, 2007

Dá-me o teu mundo outra vez

''Será que vai ser tão difícil ter o teu olhar;
Despir a tua voz e conseguir fazer te amar;
Pois o amor não tem sentido, não tem explicação;
Eu e tu sempre fomos um, não entendo esta divisão;
Não posso ser, não posso acreditar estiveste aqui;
Não sei se foste por azar ou se tava escrito assim;
Não sei se é normal olhar p'ra trás, pensar que estás;
Não sei se é banal, mas juro não te vou deixar;
Baby eu juro, não te vou deixar...
Eu juro não, juro não, eu juro não te vou deixar...


Vem cá, dá-me o teu mundo outra vez,
Lembra-te daquilo que eu te dou e tu não vez,
Quando não estás (quando não estás).
''




SP & Wilson - Juro, não te vou deixar

domingo, julho 22, 2007

Vida dupla

Encontramos na nossa vida pessoas que desempenham dupla função. São as pessoas que ao dar a mão entregam o braço, que ao darem carinho cedem o amor. São aquelas que ao mostrar um sorriso desvendam a alegria, as que ao chorar encharcam-nos como se de uma tempestade se tratasse. Essas são as que ao viverem renascem para nos ver sorrir, as que agarram a vida própria e a nossa. São as chamadas avós que se duplicam em mães, são as que ao disponibilizarem um dia, nos entregam a vida. Desdobram-se entre filhos, marido e netos. Falam com a cunhada, a vizinha do lado e a sobrinha, resolvem este e aquele problema. São as que fazem as compras, as que cozinham e cuidam dos netos. Talvez com o dobro do carinho que entregaram aos filhos. Talvez com o dobro do mimo. Mas também com o dobro da responsabilidade, porque o cuidado dobra também. São as que estão prontas a qualquer hora, as que nos desculpam sempre que algo errado acontece. As que nos sonham brilhantes, as que lutaram e lutam pela vida a cada instante e temem partir sem nos ver realmente felizes.
São essas senhoras as que vivem a realidade de si próprias, sem uma personagem que as substitua nas cenas marcantes e perigosas. Porque nesta história de vida dupla, não há duplo que tenha tanto amor para entregar como uma verdadeira avó.
À Mindocas, pelos seus 78 anos completados no dia de ontem. Muitos parabéns :)

sábado, julho 21, 2007

Tarde de mais . . .

Quando chegaste enfim, para te ver
Abriu-se a noite em mágico luar;
E para o som de teus passos conhecer
Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar...

Chegaste, enfim! Milagre de endoidar!
Viu-se nessa hora o que não pode ser:
Em plena noite, a noite iluminar
E as pedras do caminho florescer!

Beijando a areia de oiro dos desertos
Procurara-te em vão!
Braços abertos,Pés nus, olhos a rir, a boca em flor!

E há cem anos que eu era nova e linda!...
E a minha boca morta grita ainda:
Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!...

Florbela Espanca

sexta-feira, julho 20, 2007

Cansei!

Cansei de viver o meu dia com os olhos postos nos outros e vê-los sorrir. Fartei-me de olhar o sol e desejar o seu brilho. Desisti de querer parecer e entreguei-me ao deixar ser. Cansei de lutar por um futuro feliz. Cansei de querer ser melhor, de ter objectivos. Saí da pele de menina perfeita. Estou farta. Talvez o tivesse sido tempo demais. Talvez hoje isso se tenha tornado um hábito e não um motivo de orgulho. Fartei-me de querer crescer, das responsabilidades, das teorias e dos medos. Preciso de um mundo diferente. Quero largar as amarras que me prendem à dureza do real e entrar no mundo da fantasia. Preciso de perder o que muitos querem ganhar. Preciso de tornar a realidade num conto de fadas.

Cansei de olhar para trás e ver as folhas sem rasuras. Cansei de morder os lápis, de roer as unhas. Desisti de ofuscar os sentimentos, de prender as lágrimas. Lancei-me ao mar do instinto, do impensado. Fartei-me de querer ser o brilho e a luz. O sorriso de orgulho nada esforçado. Cansei de tentar perceber tudo com uma mente que só me deixa mais confusa. Cansei de procurar encontrar explicações para o inexplicável. Desisti da genialidade, atirei-me à proeza de viver sem entender porquê. Lancei o pensamento para longe de mim. Não o quero, não o desejo, não o necessito. Preciso de adrenalina, de algo que faça jus à jovialidade, ao desatino da adolescência.

Cansei de procurar um amanhã cheio de sol. Vivo na mesma se o dia não tiver sol. E se conseguir sorrir num amanhã sem sol, sentir-me-ei muito mais feliz. É isso… Quero ser feliz. Fartei-me do imaginar. Preciso do agir, do conseguir. Cansei do planear para resultar. Quero a espontaneidade do acordar sem saber onde, do adormecer sem saber quando. Quero o sorrir e não saber porquê. Quero aprender por emoção e não por livros. Quero viver e sentir-me essencial na vida. Quero amar sem explicações, sem limites. Cansei de impor limites à minha própria existência.

quinta-feira, julho 19, 2007

Sem Radar - LS Jack

Há dias que as coisas parecem estranhas. Uma noite diferente que não puxa pela palavra. Uma música que explica o que se passa dentro de mim.


Sai. Desaparece.

Sai de mim. Sai e leva tudo o que um dia me deste. O pouco que um dia me deste. Desaparece da minha vida. Leva contigo cada lágrima que chorei por ti sem mereceres, deixa-me sem mágoas. Sai e leva cada sorriso mentido, cada palavra mal dita, cada desejo que tive por ti. Desaparece. Leva cada pedaço de mim que me faça lembrar a pessoa que és. Destrói-o bem longe. Deixa-me com a menina que eu era. Sai de mim e leva cada toque, cada respiração tua no meu pescoço, cada beijo que me deste. Desaparece daqui e leva contigo a ilusão de te ter, a esperança da volta e o momento que perdura. Sai com todos os momentos em que pensei sermos um só, mas em que eu fui dois. Sai com todas as vezes que te dei o ombro que nunca mereceste. Leva o que me ensinaste, o que eu aprendi. Leva as manhãs, as tardes e as noites da minha vida em que foste muito mais que mais. Sai. Desaparece a sério. Eu não estou a brincar. Deixa-me sentir-me tudo, já que fui nada para ti. Deixa-me sem querer querer-te. Vai-te embora e carrega contigo cada momento em que me olhei no espelho e quis me bonita para ti. Vai, some daqui. Leva cada noite que te chorei com a almofada, cada acordar pensando em ti, o brilho dos meus olhos olhando os teus. Tira-me o poder da lembrança, o facto de te amar. Leva contigo tudo o que me deste. Pega em cada pedaço de mim que possuis e guarda numa caixa. Fecha-a para sempre. Foram momentos que acabaram, que tu levaste contigo nessa viagem.
Agora sai. Desaparece. Some da minha vida. Larga-me de uma vez. Leva contigo a pessoa que te ama. Deixa aqui a pessoa que quer ser feliz.

Essência de mim

Quando eu nasci nada se alterou para além dos sorrisos nas caras daqueles que me desejavam. O céu continuou azul, o mar permaneceu salgado e a lua brilhou todas as noites, tal como dantes. Por isso não sou mais nem menos que ninguém. Não sou igual a nada, tenho a minha essência, sou eu. E eu já ri, já brinquei com bonecas, já cai de bicicleta. Já fui criança, já fui traquina. Eu já chorei, já gritei quando tive vontade. Já corri, já parei, já prendi, já libertei e perdi. Eu já lutei e depois cansei. Já olhei o céu estrelado, já senti o cheiro da maresia, já fui molhada pela chuva. Eu já escolhi, já acertei, já falhei, e aprendi. Já olhei o nascer do sol, mas também já o vi pôr-se. Eu já ansiei, já desejei, já tive. Já senti raiva, já senti dor e já amei. Hoje sou o que sou graças a vivências, a pessoas e a sentimentos. Hoje desejo ser mais do que sou. Gosto da pessoa que em mim se forma, que em mim renasce e reaparece a cada momento de aprendizagem, de crescimento, mas anseio por ser melhor a cada passo que dou. Anseio por deixar marca, realizar a missão. Quero mostrar ao mundo que sou gente. Gente que ama, gente que sente, gente que sofre e que alucina. Gente que vive. Preciso de marcar o areal da vida com as pegadas que me levem ao caminho da felicidade, buscar o raio de sol que me ilumine com o que me é merecido, olhar o horizonte e ver aquele futuro brilhante. Hoje sou alguém que tem medo de lutar, mas que deseja ter. Sou quem pensa e sente. Hoje sou a menina-mulher que cresceu e que cresce a cada queda, a cada sorriso. Não desejo chegar ao planeta mais distante, não anseio por descobrir elementos novos. Quero sim impressionar quem me ama, orgulhar-me de quem sou e olhar os que me rodeiam e ver sorrisos de felicidade. Porque a minha existência não é marcada por mim, é simplesmente completada por mim. Quero que a cada reaparição, a cada momento de renascença da minha pessoa, voltem a existir sorrisos na cara dos que me desejaram na primeira vez, que hoje me proporcionam a felicidade e que amanhã me querem bem.