Quando eu nasci nada se alterou para além dos sorrisos nas caras daqueles que me desejavam. O céu continuou azul, o mar permaneceu salgado e a lua brilhou todas as noites, tal como dantes. Por isso não sou mais nem menos que ninguém. Não sou igual a nada, tenho a minha essência, sou eu. E eu já ri, já brinquei com bonecas, já cai de bicicleta. Já fui criança, já fui traquina. Eu já chorei, já gritei quando tive vontade. Já corri, já parei, já prendi, já libertei e perdi. Eu já lutei e depois cansei. Já olhei o céu estrelado, já senti o cheiro da maresia, já fui molhada pela chuva. Eu já escolhi, já acertei, já falhei, e aprendi. Já olhei o nascer do sol, mas também já o vi pôr-se. Eu já ansiei, já desejei, já tive. Já senti raiva, já senti dor e já amei. Hoje sou o que sou graças a vivências, a pessoas e a sentimentos. Hoje desejo ser mais do que sou. Gosto da pessoa que em mim se forma, que em mim renasce e reaparece a cada momento de aprendizagem, de crescimento, mas anseio por ser melhor a cada passo que dou. Anseio por deixar marca, realizar a missão. Quero mostrar ao mundo que sou gente. Gente que ama, gente que sente, gente que sofre e que alucina. Gente que vive. Preciso de marcar o areal da vida com as pegadas que me levem ao caminho da felicidade, buscar o raio de sol que me ilumine com o que me é merecido, olhar o horizonte e ver aquele futuro brilhante. Hoje sou alguém que tem medo de lutar, mas que deseja ter. Sou quem pensa e sente. Hoje sou a menina-mulher que cresceu e que cresce a cada queda, a cada sorriso. Não desejo chegar ao planeta mais distante, não anseio por descobrir elementos novos. Quero sim impressionar quem me ama, orgulhar-me de quem sou e olhar os que me rodeiam e ver sorrisos de felicidade. Porque a minha existência não é marcada por mim, é simplesmente completada por mim. Quero que a cada reaparição, a cada momento de renascença da minha pessoa, voltem a existir sorrisos na cara dos que me desejaram na primeira vez, que hoje me proporcionam a felicidade e que amanhã me querem bem.